S.NUNO DE SANTA MARIA

Nuno Álvares Pereira nasceu em Flor da Rosa, no Crato, a 24 de Julho de 1360. Seu pai, D. Álvaro Pereira, era prior do Crato e seu avô, arcebispo de Braga.
Com treze anos e, como todos os nobres da época, iniciou a sua carreira militar. Era impetuoso e valente e rapidamente se tornou um grande líder.
Aos dezassete anos casou com D. Leonor Alvim, da qual teve três filhos mas, só a sua filha D. Beatriz, teve descendência, casado com D. Afonso, o primeiro Duque de Bragança, filho bastardo de D. João I.
Foi sempre um dos apoiantes de D. João, mestre de Avis, na sua luta pelo trono português – única forma de se evitar a perda da nossa independência. Esteve ao lado dele participando nas batalhas de Trancoso e Atoleiros em 1384. No fim desta batalha foi nomeado Condestável do Reino (o equivalente a Comandante Supremo das Forças Armadas) e 3º Conde de Ourém, tinha ele apenas vinte e três anos!
Um ano mais tarde nas Cortes de Coimbra, o Mestre de Avis foi eleito rei de Portugal com o nome de D. João I. Por esta razão D. João I, rei de Castela, invadiu o nosso país, afim de defender os direitos de sua mulher, D. Beatriz, ao trono de Portugal.
D. Nuno Álvares Pereira foi o estratega que delineou a táctica do quadrado e permitiu a vitória de 6 000 portugueses e alguns aliados ingleses contra 30 000 castelhanos, na Batalha de Aljubarrota em 14 de Agosto de 1385.
Após esta brilhante vitória, recebeu os títulos de 2º Conde de Arraiolos e de 7º Conde de Barcelos, títulos que tinham sido retirados aos nobres que apoiaram o rei de Castela. Foi ainda nomeado Mordomo-mor do reino.
Por último, ainda ganhou o torneio de Valverde à frente das tropas portuguesas.
Ele foi de tal forma ilustre que Camões, nos Lusíadas lhe faz catorze referências, chamando-lhe o “forte Nuno”.
Mas como é que este nobre heróico e ilustre português, cheio de títulos e honrarias, um dos grandes amigos de D. João I, guerreiro de profissão, 600 anos após a sua morte é feito Santo, pelo papa Bento XVI, a 26 de Abril de 2009?
É que, durante toda a sua vida, ele sempre se esforçou por ser o Cavaleiro Perfeito, o Cristão Impecável que Jesus lhe pedia que fosse, estando sempre muito à frente para os padrões do seu tempo! Sabemos que, no final da Batalha de Aljubarrota, chamou os seus soldados e, contra tudo e contra todos, lhes ordenou que recolhessem e tratassem e alimentassem todos os portugueses e castelhanos que encontrassem feridos.
Durante a fase mais difícil do torneio de Valverde, há relatos que nos dizem que ele desapareceu e foi encontrado entre dois penedos a rezar. No final da oração conseguiu levar as tropas a uma vitória milagrosa!
Mais tarde, em 1423, quando enviuvou, este senhor cheio de poder e de riquezas materiais, tornou-se carmelita, entrou para o Convento do Carmo em Lisboa, que ele próprio mandou construir, onde renunciou a viver numa cela e optou por viver debaixo dum telheiro à entrada do convento. Fez os votos de pobreza, humildade e castidade e tomou o nome de Frei Nuno de Santa Maria, passando o resto da sua vida a socorrer os pobres, doentes e famintos com as ofertas que el-rei lhe enviava.
O rei consultava-o muitas vezes sobre os assuntos de Estado, tal como D. Duarte, que já tinha por ele uma grande veneração. Pensa-se mesmo que este rei foi pessoalmente pedir o seu conselho sobre o projecto da conquista de Tânger.
Morreu num Domingo de Páscoa de 1431, já com fama de santidade, tendo-se o seu túmulo perdido no terramoto de 1755.
Foi beatificado em 15 de Janeiro de 1918 por Bento XV.
Dá-nos mesmo que pensar a vida deste Santo Português! E se ele conseguiu ser Santo, nós, se nos esforçarmos como ele e sempre com a ajuda de Nossa Senhora e de S. Nuno de Santa Maria, a quem já podemos também recorrer, vamos certamente conseguir aquilo que desejarmos!
Por último, é sempre bom sabermos que, para além dos futebolistas e treinadores de futebol famosos, temos na nossa História muitos exemplos de Grandes Portugueses, com muitas e grandes provas dadas, que também podemos escolher para nossos ídolos!

Professora Ana Festas